[III] O que Ohno diria se, ao seu conjunto original de 7 perdas, fossem adicionadas outras mais? Se ele estivesse aqui e agora?
Depois de um tempo, Roger foi ao encontro do Sr. Ohno.
[O]: O que o traz aqui hoje, Sr. Roger?
[R]: Bem, eu passei a semana passada na produção, na logística e no marketing/vendas, assim como você me pediu que eu fizesse. Eu estava tentando descobrir qual é o propósito das perdas. Também procurei pela relação causa e efeito dentre as perdas.
[O]: Diga-me o que você descobriu.
[R]: Inicialmente foi um pouco confuso. E ficou pior quando falei com os Gerentes de Marketing e de Logística. Eles falavam de estoque como sendo uma coisa útil…
O mestre interrompeu-o para esclarecer algumas coisas:
[O]: Eu não disse que o estoque deveria ser zero. Eu disse “excesso de estoque”, “estoque padrão” e “quantidade necessária”. “Estoque zero” significa que não há fluxo. Entender esses detalhes sutis faz uma grande diferença.
[R]: Eu sei o que você disse. Tudo fez sentido para mim quando o Gerente de Vendas disse “sem estoques, sem vendas”, mas eu ainda estava pensando em termos de “estoque zero”. Então fui falar com o Gerente de Produção. Ele removeu diversas peças de um processo de fluxo unitário. O fluxo parou. Então eu pensei: “estoque não é uma perda!?!? É uma evidência de outras perdas.’ Mas duvidei novamente: como pode ser assim, se para você estoque é a perda mais importante?
Ohno sequer piscou.
[O]: Roger-san, eu compreendo que você esteja surpreso. Naqueles dias, eu disse isso porque precisava ser dito assim. Por que você acha que eu disse que estoque é uma perda se minha lista inclui superprodução? Você acha que foi fácil fazer com que pessoas tomassem medidas que acarretariam em redução do estoque?
[R]: Não, é muito difícil! As pessoas ficam nervosas quando são ordenadas a diminuir o nível de estoques. Suponho que eu entenda agora porque o Sr. Shingo disse que o estoque era terrível e que desejava ter estoque zero. Uma mensagem forte, incontestável, era necessária para fazer as pessoas reduzirem o estoque, imagino eu. E vocês dois…
[O]: Eram tempos difíceis, Roger-san. O que você tem a me dizer agora sobre causa e efeito?
[R]: Eu acho que redução de estoques deveria estar na cabeça de todo mundo, mas ela é outro sintoma como superprodução!? – ele disse, indeciso entre afirmação e pergunta. Superprodução é a rocha, estoque é o nível da água. A primeira é causa. O segundo é efeito!
Ohno permaneceu em silêncio, perguntando-se se já havia sido suficiente por aquele dia. Mas Roger continuou.
[R]: Eu me perguntei diversas vezes o porquê de uma lista de perdas. Observei o Gerente de Produção trabalhar e lhe perguntei. Ele me deu uma lista um pouco diferente.
[O]: Ele é um bom gerente. O que é importante sobre essas diferenças?
[R]: Quase nada, para os nossos propósitos! Ele estava eliminando perdas de qualquer maneira!
[O]: Perdas são importante pelo que elas fazem, não pelo que elas são! – ele afirmou.
[R]: Sim! Depois de identificar uma perda, a pessoa deveria ser motivada a eliminá-la imediatamente. O que põe “talento” fora da nossa lista novamente.
Agora, sim, foi o suficiente por hoje, Ohno concluiu.
[O]: Você está certo. Muitas surpresas e insights para você, Roger-san. Vamos falar na semana que vem sobre perdas no contexto da logística e de valor agregado. Continue observando o pessoal de logística e marketing/vendas e conversando com eles.
[No lugar de Roger, o que nós diríamos com base em nosso próprio Círculo de Ohno?]