Não há 8 perdas – Parte VIII

Este artigo finaliza a série de 8 textos que discutem as 7 perdas válidas tanto para a logística quanto para a produção. Para ver toda a série, visite as postagens no site da ProLean.


Roger estava no seu escritório, quando percebeu Ohno no canto da sala.   Pareceu estranho. Ohno escrevia no quadro negro, que não estava ali esta manhã:

*** SUPEROFERTA / SUBOFERTA / ESPERA / MOVIMENTAÇÃO / DEFEITOS / PROCESSO / PERDAS P ***

[O]: Você diz que estas 7 perdas valem para a produção E para a logística?

[R]: Exatamente. Pense na MOVIMENTAÇÃO, por exemplo: quando um material é movido para frente e para trás entre postos de trabalho, é uma perda da PRODUÇÃO; quando um material é estocado verticalmente, ele não está indo em direção ao cliente, então é uma perda da LOGÍSTICA.   A perda por SUBOFERTA nos mostra que a ruptura na produção pode ser tão ruim quanto uma perda de vendas devido ao mau desempenho logístico. Finalmente, Muri (sobrecarga) e Mura (variação das quantidades necessárias) – na produção e na logística –  são comtempladas pela Perda P.

[O]: Por que 7 em vez de 8 perdas?

[R]: Poderia ser 5, 6, 7, 8 mais perdas, desde que algum bom critério fosse seguido. Como IMPORTÂNCIA PARA O FLUXO CONTÍNUO, critério que funciona como uma advertência para eliminar as perdas.  O critério QUANTO MENOS, MELHOR (desde que sejam suficientes para o fluxo contínuo). Na verdade, eu tinha elencado oito perdas na minha primeira lista, mas retirei três e adicionei SUBOFERTA e PERDAS P…

[O]: Entendo… Você está certo quando tenta criticar as bases do lean. Elas tratam da MELHORIA CONTÍNUA. Por que não mudar as coisas que fiz se você achar um jeito melhor de fazer? Eu fiquei muito feliz quando Fujio Cho compilou o ‘Toyota Way 2001’, colocando RESPEITO como um pilar da “Casa da Toyota”…

Mais uma vez, Roger não podia crer que Ohno estava concordando, usando a palavra ‘lean’ e falando de Fujio Cho. Ohno já estava morto quando Fujio Cho aprovou o ‘Toyota Way 2001’!

Subitamente, um estrondo fez Roger acordar. Ele quase pulou da cadeira. O palestrante tentava parar o estrondo da microfonia. Lá estava ele, num Lean Summit, quando o palestrante estava dizendo algo como “… perda de talento é uma das mais importantes…”

“ERA SOMENTE UM SONHO!”, Roger falou para si: “Ohno não esteve comigo! Quando Ohno falava, era eu! Quando Ohno pensava, era eu!”

Roger olhou ao redor. Ninguém notara que ele estava dormindo durante a palestra.     Mas ele ainda estava atordoado pelo seu sonho. Os diálogos no seu sonho pareciam tão coerentes!

Então, ele relembrou o sonho mentalmente a fim de manter suas descobertas vivas na memória:

  • RESPEITO é um VALOR; “talento” e “habilidade”, não são valores. “perda é uma coisa”.
  • Perdas são importantes pelo fazem, não pelo que são!
  • ESTOQUE, como uma PROVÁVEL PERDA, servem tanto para a PRODUÇÃO quanto para a LOGÍSTICA.
  • VALOR é diferente de NÃO-PERDA.
  • TRANSPORTE agrega valor de lugar e estoque agrega valor de tempo.
  • Quando se avalia o estoque total, quanto é valor e quanto é perda?
  • SUPEROFERTA / SUBOFERTA / ESPERA / MOVIMENTAÇÃO / DEFEITOS / PROCESSO / PERDAS P servem tanto para a LOGÍSTICA quanto para a PRODUÇÃO. Estas perdas serviriam para SERVIÇOS?

De algum modo, aquele sonho colocou Roger no lugar de Taiichi Ohno: o que Ohno pensaria e diria?

Neste momento, Roger estava certo de suas descobertas. Nos anos que viriam, Roger verificaria suas respostas a estas questões. Ele falaria com experts, praticantes e professores de várias áreas – produção, logística e serviços – a fim de refutar ou validar aquelas descobertas.

Provavelmente, Roger ainda esteja formulando questões, praticando suas premissas e perseguindo as respostas…